Vida Rural

Nos seus primórdios, as esculturas apresentam um verdadeiro inventário das ocupações rurais, que nos permitem entrever os costumes, os tipos de trabalho e os valores culturais e religiosos prevalentes na vida do campo. Plantio, colheita, cuidado com os animais, meios de transporte, encontros festivos, rituais religiosos são alguns temas que aparecem neste setor. No período que esse tipo de arte ganha projeção pública, de meados do século XX para cá, as fronteiras entre os universos rural e urbano estão em plena transformação. Pois é a partir da década de 1950, quando apenas 30% da população brasileira residiam nas áreas urbanas, que se intensifica no país um processo massivo de saída do campo em direção às cidades. Neste mesmo período, esse gênero de arte ganha impulso. Talvez por isso, nota-se tanto entre os artistas e artesãos como entre o público consumidor, um duplo interesse, próprio dos períodos de mudanças: pelas referências nostálgicas ao modo de vida rural e, simultaneamente, pelas novidades advindas da industrialização e do estilo de vida citadino. Angela Mascelani