Localidade do artista

Maranhão

Zimar

Euzimar Meireles Gomes nasceu em 18 de maio de 1959, em Cutia, povoado de Matinha, no interior do Maranhão. Filho de Joana Meirelles e de José Carneiro Gomes. Trabalha como lavrador durante o ano e no período junino brinca de Cazumba na turma de João de Pixilau, chamada Turma da Sede, no próprio município de Matinha, baixada maranhense. Além de brincar, dedica-se a criar máscaras, caretas que usa e faz para outros. Também vende por encomenda para pessoas de fora e suas máscaras fazem parte de coleções e de museus de arte. “Eu ia para a boiada e só olhava para os Cazumba. Aí fui encasquetando com os Cazumbas e me desafiei a fazer uma careta para mim. Ao invés de fazer uma, fiz duas. Daí em diante não parei.” Zimar é dedicado e cuidadoso. Espírito inquieto, desenvolveu estilo próprio, o que faz suas máscaras serem especiais, apresentando grande qualidade estética e sofisticação. Cheias de detalhes, inspiram-se nas feições de bichos medonhos, que causam ao mesmo tempo medo e admiração. A base da máscara é esculpida na madeira. Na caracterização usa materiais orgânicos, para dar mais veracidade ao personagem: se for um cavalo, usa crina; se for um porco, usa dentes de verdade. Não gosta de se repetir e se empenha em fazer bem-feita cada uma. “Mesmo feia, a careta precisa estar arrumada. ” A seu ver, cada careta tem sua própria história. Entende que a máscara deve se adequada às suas finalidades, de maneira que permita que a brincadeira “role solta” e mantenha a espontaneidade. Ou seja: sendo ele próprio um brincante, preocupa-se com que a máscara funcione, garantindo a continuidade do improviso. “A primeira careta que fiz foi aquela que tem um narigão, depois eu fiz essa que tem cicatriz. Eu vou fazer essa bicha com o queixo torto. Vamos dizer, pegou um talho, os pontos, e fiz a cicatriz. Pra uma careta ser boa ela tem que ser feia. Pra mim, a boa é assim. ” Após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), em 2011, readaptou seu trabalho. Hoje, constrói suas caretas usando plástico, isopor e outros materiais mais macios. Dedicado, não perdeu o gosto pela arte e é um entusiasta da brincadeira de Bumba meu Boi.

Referências

COSTA, Maria Mazzillo. Careta de Cazumba. 1. ed. Rio de Janeiro: Associação Cultural Caburé, 2005. v. 1. 160p .

MANHÃES, Juliana Bittencourt. Memórias de um corpo brincante: a brincadeira do cazumba no Bumba-Boi Maranhense. Dissertação (Mestradono Programa de pós graduação em Artes Cênicas, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, 2009.

VAN DE BEUQUE, Flora Moana. Entre a roda de boi e o museu: um estudo da careta do Cazumba; 2010; Dissertação (Mestrado em Programa de pós-graduação em sociologia e antropologia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009.

MUSEU DO PONTAL - Filme “Artistas Cazumbas” – parte das atividades de pesquisa do Museu Casa do Pontal, realizado ao longo de 2018. O filme documenta e registra um dos principais polos de arte popular do país, que inclui a capital São Luís e a baixada maranhense (MA).

OBRAS